terça-feira, 2 de novembro de 2010

Devagar e prazeroso

Comer é uma arte para os italianos. O prazer da mesa, é claro, passa pelo fato de se alimentar, mas é muito mais do que isto. Faz parte da tradição de um país que, de geração em geração, transmite o valor de se reunir em volta de uma mesa para conversar, celebrar a amizade, compartilhar os momentos e também... comer.

Comer com os ingredientes certos, frescos e produzidos de uma maneira correta e sem prejudicar o meio ambiente e a comunidade que o produziu – pagando um preço justo por eles. E também harmonizando com um bom vinho e sem pressa. Aliás, nenhuma pressa. Tudo para saborear uma refeição completa composta de antepasto, primeiro prato, segundo prato, sobremesa e terminando com o café.

Para manter esta tradição viva e atuante e em resposta a padronização do fast food, ao frenético ritmo de vida atual, ao desaparecimento das tradições culinárias regionais, ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos e em como a escolha alimentar pode afetar o mundo, foi fundada, em 1989, o Slow Food, uma associação internacional sem fins lucrativos mantida por seus associados.
Dorian Bezerra, Lotar Dieter Maas, Albino Maniero e Alessandro Dessimoni

Atualmente, o Slow Food ultrapassou as fronteiras italianas e conta com mais de 100 mil membros em 150 países do mundo, inclusive no Brasil, fomentando uma nova lógica de produção alimentar, desenvolvendo programas de educação alimentar a favor da biodiversidade e ligando o prazer da boa comida com um compromisso com a comunidade e com o meio ambiente.

A organização se opõe à padronização do gosto e da cultura e do poder desenfreado das multinacionais da indústria alimentar e da agricultura industrial. Acredita ainda que todos têm o direito fundamental para o prazer da boa comida e, conseqüentemente, a responsabilidade de proteger o patrimônio da tradição, da comida e da cultura que fazem esse prazer possível.

A organização defende que a comida está ligada a muitos aspectos da vida, incluindo a cultura, política, agricultura e meio ambiente. Por isso, atua ativamente em uma ampla variedade de áreas, da educação à política agrícola. Para trabalhar em toda esta esfera de largura, o Slow Food defende a biodiversidade no nosso suprimento de alimentos, promove a educação alimentar e do gosto e conexão sustentável para os produtores co-produtores através de eventos e construção de redes.

Nos supermercados e lojas varejistas da Itália a força do movimento é evidente em placas, painéis e na disposição de seções como a de frutas, legumes, verduras, queijos, frios e vinhos, que priorizam produtos com aspectos regionais e locais em suas gôndolas e prateleiras e produtores que seguem normas e regras ambientalmente corretas para a produção destes itens.

“Sem a ajuda deles o nosso projeto não seria possível, pois eles nos colocaram todo o conhecimento a nossa disposição. Temos um relacionamento direto de cooperação com a organização”, diz Simona Milvo, assessora de comunicação da Eataly, companhia de 11 lojas enogastronômicas e culturais na Itália, Japão e Estados Unidos.

Saiba mais sobre o Slow Food.

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